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31 de julho de 2014

43% dos policiais acreditam que corporação deve premiar quem mata criminoso


Segundo pesquisa, quase 40% dos policiais pretendem sair da corporação se conseguirem outra oportunidade profissional



Quase metade dos agentes de segurança (43,2%) acredita que o policial que mata um criminoso deve ser premiado pela corporação. Os dados são da pesquisa "Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Centro de Pesquisas Aplicadas da Fundação Getulio Vargas (CPJA-FGV) e o Sistema Nacional de Segurança Pública (Senasp), divulgada nesta quarta-feira (30).
A pesquisa foi respondida por 2,1 mil agentes de segurança, entre policiais militares (52,9%), civis (22%), federais (10,4%), rodoviários federais (4,1%), bombeiros (8,4%) e integrantes de polícias científicas (2,3%).
Apesar de alarmante, o alto porcentual dos policiais que acreditam que a morte de um criminoso deva merecer recompensa pode refletir uma autodefesa, explica a pesquisadora Thandara Santos, integrante do Fórum e quem também assina o estudo.
"A pesquisa foi anônima, então os policiais se expressaram abertamente, sem medo. Falaram o que pensam, livres de ter de reproduzir os códigos da corporação. O que nos parece é que essa lógica é uma forma de lidar com a pressão diária a que são submetidos", afirma a pesquisadora.
Para a diretora da Human Rights Warch, uma ONG mundial de direitos humanos, no Brasil, Maria Laura Canineu, mortes causadas por legitima defesa ou para defesa do policial são justificáveis, mas o restante deve ser punido. 
"Ainda é muito preocupante que policiais sejam coniventes com abusos. Matar em legitima defesa ou de terceiros é padrão internacional e qualquer morte neste sentido é compreensível e aceita do ponto de vista legal e dos direitos humanos. Mas tudo que exceda essa conduda é crime e deve ser punido, não premiado.

Quero outro emprego

Três em cada dez agentes de segurança pública de todo País (34,4%) mudariam de profissão se tivessem oportunidade e 38,7% afirmam que, se pudessem voltar no tempo, escolheriam outra carreira para seguir.
Para a pesquisadora Thandara, esse cenário de desencanto não é novo, mas pode ter sido agravado pelo contexto das manifestações, em que atos entendidos como tortura fizeram com que a confiança na polícia ficasse ainda menor.
"Este dado está muito atrelado à baixa confiança na polícia, o que pode ser validado com outros números do estudo, como por exemplo o de que 65% deles já sofreram preconceito por serem policiais. Pesam também a opressão hierárquica [58,3% acreditam que a hierarquia provoca desrespeito e injustiça profissionais] e os obstáculos no exercício da função", explica Thandara. 
De acordo com o levantamento, os agentes apontaram alguns obstáculos que impedem que a carreira seja exercicida de forma mais eficiente. Os baixos salários foram considerados problemas para 99,1% dos entrevistados, o contingente policial insuficiente para 97,3%, a falta de verba para equipamentos e armas foi a resposta de 97,3%, as leis penais inadequadas por 94,9% e corrupção foi apontada por 93,6%.
A maior parte dos agentes (65,9%) também disse já ter sido discriminado por causa da profissão e 59,6% afirmarem que já foram humilhados por superiores diretos, diz a pesquisa.
Para diminuir o problema, segundo a pesquisa, 93,7% dos agentes dizem querer a modernização dos regimentos de acordo com a Constituição, 73,7% responderam que apoiam a desvinculação ao Exército e 63,6% defendem o fim da justiça militar.
"Se considerarmos apenas os policiais militares, 76,1% defendem o fim do vínculo com o Exército. O que é um sinal claro de que o Brasil precisa avançar na agenda da desmilitarização e reforma das forças de segurança”, afirma Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Conselho de Administração do FBSP e pesquisador da FGV.

Fonte: Último Segundo

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