Algumas das opiniões e histórias de mogianos
ouvidos na série de matérias sobre a segurança em Mogi das Cruzes mostram o
descontentamento e a apreensão da população com a escalada da violência. Foram
ouvidas 70 pessoas, de diferentes bairros e da região central. Em um dos
depoimentos, uma mulher conta que foi abordada em um dos semáforos da Rua
Ipiranga, no meio do dia, por um traficante, enquanto esperava pelo sinal
verde. A audácia do marginal dá a exata medida da sensação de insegurança que
ronda a todos.
O homem disse a ela, em plena luz do dia:
“Vai querer o que hoje? Tenho pedra, erva e pó”. O comércio crescente de
entorpecentes e a dependência química foram citados por várias das pessoas
ouvidas por O Diário. É, de fato, um problema de segurança e de saúde pública,
que propulsiona outras modalidades de crime, como furtos e roubos.
Em que pese o fato de o novo comando da
Polícia Militar agir de maneira mais assertiva no policiamento preventivo e
repressivo, o vão existente entre o avanço do crime e os recursos materiais e
humanos para combatê-lo é enorme. Por isso, as pessoas consideram a Cidade tão
insegura. Por isso, comerciantes são assaltados, três, quatro vezes seguidas,
como este jornal mostrou na edição de domingo.
Enquanto a sociedade civil cobrar apenas o
reforço do combate ao crime, com o aumento de rondas, e do número de policiais,
sempre menor do que o necessário, e as políticas de segurança publica não
atacarem raízes desse drama social, pouca coisa mudará efetivamente.
É preciso atacar causas desse quadro, como o
avanço do consumo e venda de drogas, além de acabar com a impunidade, muitas
vezes, provocada por brechas na legislação, falhas no sistema penitenciário.
A Polícia tem prendido muitos marginais,
porém, eles acabam sendo colocados em liberdade pela Justiça, dias ou horas
após os flagrantes.
A apreensão dos mogianos serve de alerta às
autoridades e à sociedade civil. O esfacelamento de programas como o
policiamento comunitário é perigoso. O canal de comunicação mantido entre os
policiais dos postos nos bairros e a população concorre para esclarecer muitos
crimes, desbaratar quadrilhas e até tirar do crime, os jovens que estão
entrando na bandidagem.
O fato de 40% dos entrevistados já terem sido
vítimas de marginais, muitos, mais de uma vez, é grave.
Os resultados dessa enquete comprovam,
infelizmente, o quanto o cidadão é paciente com as políticas equivocadas do
governo e não exerce o poder de cobrança e pressão que detém por meio do
protesto organizado e na hora do voto.
Fonte: O Diario de Mogi
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