Incríveis os números
eleitorais nos municípios de Mogi das Cruzes e Guararema. No menor, a hegemonia
do grupo liderado pela ex-prefeita é incontestável, mas já em Mogi, onde a
disputa foi vazia, de forma surpreendente, dá também o que pensar. Como um município
de tal expressão só tem de verdade um único candidato a prefeito?
As forças políticas locais estavam todas de um só lado.
Os pequenos partidos buscaram marcar território, mesmo o PT local, que nunca
foi grande, não reflete na Cidade a expressão estadual e nacional que possui.
Não gosto dessa situação. É muito ruim para a democracia
representativa essa falta de disputa. Meu amigo Barradas bem definiu a questão:
A ausência de debate mais acirrado é péssima, pela falta de comprometimento com
projetos; e digo mais, a alternância no poder é salutar, o controle que uma
oposição forte e consciente promove é indispensável. Fica o risco de acertos e
conchavos em benefício de poucos, as lideranças podem se acomodar, e quem perde
somos todos nós.
Mas não é de hoje que Mogi (e pelo visto Guararema) é
comandada por poucas famílias: o poder econômico se confunde com o poder
político, e é em razão dessas forças conservadoras que a disputa inexiste, ou é
muito desigual. Converso com as pessoas, todos dizem saber do problema, mas a
falta de grupos ou lideranças alternativas se mantém.
É certo que no caso específico desses dois municípios as
administrações foram aprovadas, não se mostram paralisadas e não há notícias de
acordos espúrios. Não ouço comentários objetivos contra os prefeitos, mas será
real esse estado de bonança, ou é justamente a falta de oposição que está
impedindo a melhor fiscalização. Toda unanimidade é burra, assim como a
democracia é o melhor regime, de forma que devemos ficar atentos, buscando
abrir olhos e mentes.
Antonio Carlos Ribeiro dos Santos é desembargador do
Tribunal de Justiça
Fonte: O Diário de Mogi
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